Além de troféu, o Prêmio Madeiras Alternativas concede uma viagem técnica rica em conhecimento, insights e networking. Em decorrência da pandemia, a experiência de Marcelo Bicudo, premiado em 2020 com seu banco Íris, ocorreu neste ano de 2022.
De 24 a 28 de julho, ele visitou o Laboratório de Produtos Florestais do SFB, em Brasília, bem como uma área de exploração florestal e serraria da empresa Madeflona, no interior de Rondônia. “A viagem não poderia ter sido melhor tanto na experiência quanto na acolhida, criando a oportunidade de conhecer pessoas e processos ligados ao manejo sustentável das florestas”, conta Bicudo.
BRASÍLIA (DF)
Marcelo visitou o Laboratório de Produtos Florestais, onde conheceu quadros técnicos e profissionais. “Todos muito dedicados e bem preparados. Não sabia o quanto esse ecossistema é bem monitorado, pesquisado e inventariado”.
ITAPUÃ D’OESTE (RO)
A 100km da capital, Porto Velho, o designer visitou a área de exploração florestal da empresa Madeflona. Lá, viu de perto como é feito o manejo sustentável na floresta. “Fiquei feliz de perceber que todos no serviço florestal se orgulham do modelo de extrativismo que é atualmente aplicado nas florestas nacionais – regulamentado através de contratos bastante abrangentes, com longo histórico de maturação”, comenta.
PALAVRA DO PREMIADO
A visita tira qualquer dúvida sobre o papel decisivo do manejo sustentável na preservação das nossas florestas. Na minha avaliação, apenas garantindo o sustento das pessoas, da forma mais adequada, é que será possível mantê-las em pé.
O uso da madeira é o mais emblemático no design de móveis brasileiro. Mas para prosseguirmos com essa rica tradição será preciso trabalhar para que a indústria e o mercado consumidor assimilem uma variedade crescente de espécies nativas, dentre as centenas existentes, alternativas àquelas comercialmente mais estabelecidas, para não sobrecarregá-las.
Existem diversos desafios técnicos, comerciais e culturais serem vencidos para que isso aconteça, nas duas pontas. Mas cumpre ressaltar que cabe muito em parte aos designers estudar e entender o potencial das madeiras alternativas frente às demandas do mercado e estimular o seu emprego na indústria.
PEÇA PREMIADA
Assinado por Marcelo Bicudo para Butzke, o banco Íris é inspirado no olho humano, busca incorporar o recurso da iluminação decorativa e de balizamento ao mobiliário de área externa por meio de um projeto multifuncional, prático, seguro, sustentável e livre de fios. De concepção construtiva peculiar, o banco, produzido essencialmente em cumaru, muito resistente às intempéries, se estrutura radialmente a partir de um disco central de alumínio. E suas travessas de madeira acumulam funções estruturais e de revestimento simultaneamente.
A repetição de ‘n’ conjuntos idênticos e independentes das peças de madeira em torno do disco de alumínio garantem vãos uniformes para uma projeção de luz em forma de estrela, de dentro para fora da peça, em direção ao piso, sem qualquer interferência (sombra). o efeito de iluminação produzido pode ser potencializado pelo uso associado de mais de mais de uma peça, com as respectivas projeções entrecruzando-se.