Categoria especial em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), por meio do Laboratório de Produtos Florestais (LPF), o Prêmio Madeiras Alternativas permite que todos os projetos aprovados na primeira etapa avaliativa (considerados finalistas) concorram a essa distinção. Para conquistar a premiação, é preciso que o móvel tenha em sua composição qualquer espécie de madeira brasileira, ainda que conhecida, mas que não figure dentre aquelas consideradas pelo Laboratório LPF do SFB como muito utilizadas no passado ou no presente para a fabricação de móveis e outros produtos.
Em 2023, o Prêmio Madeiras Alternativas foi conquistado pela Plataforma4 (estúdio de Amélia Tarozzo, Camila Fix, Flávia Pagotti Silva e Rejane Carvalho Leite) para Oficcina Origin. A peça contemplada foi a Cadeira Terra. Além do troféu, a Plataforma4 ganhou uma viagem para conhecer uma área de exploração de madeira sob o regime de manejo sustentável na Amazônia e visita ao Laboratório de Produtos Florestais do SFB.
Rejane Carvalho Leite da Plataforma4, na Mostra Premiados Prêmio Salão Design 2023
Cadeira Terra – parecer do júri
“A cadeira usa ripas de jequitibá-rosa (Cariniana sp.) maciço, coladas e prensadas em forma de painéis. A superfície lisa ao toque é obtida por meio de lixação manual com aplicação de camada de proteção de verniz PU e seladora. A cadeira é prática com pegas laterais que se moldam às mãos e facilitam seu deslocamento, enquanto o encosto esbelto e arredondado traz leveza e conforto ao sentar-se. A peça pode ser utilizada em vários espaços”.
DEPOIMENTO DE CAMILA FIX – PLATAFORMA4
Ficamos muito felizes em conquistar mais uma vez o prêmio do salão Design, que atualmente é a principal premiação brasileira do segmento. Esse ano foi ainda mais gratificante pois fomos premiadas na categoria Madeiras Alternativas. A Plataforma4 tem um foco em sustentabilidade. Junto com as fábricas parceiras, procura sempre otimizar processos de produção e da matéria-prima. As fábricas parceiras estão constantemente buscando madeiras alternativas para os móveis. Nós trabalhamos com a Uva do Japão, uma espécie endêmica encontrada no sul do país, com a Seringueira de reflorestamento em final de ciclo produtivo, entre outras espécies.
A cadeira Terra é uma peça enxuta, com uma estrutura e espaldar delgados e dimensões reduzidas. A peça é executada em ripas de madeira maciça coladas e usinadas. Os detalhes de encaixe dos pés os e as linhas curvas trazem sofisticação à peça.
Sobre a viagem
Fiquei muito feliz por ter a oportunidade de conhecer a floresta amazônica na região próxima a Porto Velho. Fiquei muito impressionada com o trabalho feito, o manejo sustentável das madeiras, tanto pelo projeto da concessão (regras e complexidade que envolve para proteger a floresta e fazer isso da maneira mais sustentável possível), quanto pelo comprometimento da Madeflona – empresa que visitamos em Jamari e na parte do beneficiamento da madeira.
Interessante ver todo o trabalho inicial que é feito de reconhecimento da mata e identificação e definição das espécies que podem ou não ser retiradas. Depois, todos os procedimentos que podem ser adotados para que esse processo seja feito com o menor impacto possível. Tudo com muita responsabilidade desde a catalogação e do rastreamento até o final do seu percurso.
O trabalho é extremamente planejado, com equipes muito capacitadas. Se percebe todo o cuidado para que o trabalho seja executado da melhor maneira possível. A exploração responsável da floresta com certeza inibe ações ilegais.
Tivemos a oportunidade de passar também pelo espaço ICMBio, conversamos com algumas pessoas e são todas muito comprometidas em cuidar da floresta e identificar e coibir operações ilegais, fazendo um esforço para que o impacto seja cada vez menor nas áreas da floresta.
No Laboratório de Produtos Florestais, em Brasília, eles fazem todo o estudo da madeira. Identificação das espécies, desenvolvimento de equipamentos que possam ser usados no campo para identificação de remessas ilegais e todo um trabalho muito profundo em relação aos processos de deterioração [das florestas].
PRÊMIO SALÃO DESIGN
Mais do que uma vitrine de tendências e talentos, o Prêmio tem parte na formação da identidade do design brasileiro e latino-americano. Nesses 35 anos de história, soma mais de 16 mil projetos inscritos por participantes de 37 países. Em 2023, a premiação conta com patrocínio master de Berneck e Interprint, além do patrocínio de Akeo, Blum, Dalmóbile e Zen.
