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Principal e mais tradicional premiação brasileira do design de móveis soma mais de 15 mil projetos inscritos por concorrentes de 37 países

Criado em 1988 pelo Sindicato das Indústrias de Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) como atração paralela da feira Movelsul Brasil (na época Mostra do Mobiliário), o Prêmio Salão Design nasceu com a proposta de oferecer subsídios de diferenciação à indústria moveleira nacional. A semente germinou: ao longo de 35 anos, são mais de 15 mil projetos inscritos por estudantes e profissionais de 37 países – ajudando a contar a história dos móveis através de diferentes gerações.

A ideia de um concurso de móveis assinados partiu do designer Guilherme Fontanari para o presidente da Movelsul de 1988, Dorvalino Pozza. Na ocasião em quem o Prêmio celebrava seus 30 anos, o idealizador da premiação relembrou que o design brasileiro já tinha certa profusão nos anos 1970, mas fluía apenas no eixo Rio/São Paulo. Pensou, então: se a Serra gaúcha tinha uma feira de móveis em franca expansão, por que não plantar essa semente do design no contexto da Movelsul? “Como designer e consultor, eu já tinha uma carreira consolidada na época, mas o coletivo e setorial me parecia relevante naquele ambiente. Considero que, sim, o Prêmio ajudou a alavancar o design brasileiro”, comentou o já falecido Guilherme Fontanari.

Além de fomentar ideias e soluções para a indústria, tanto na estética quanto na função e no uso de matérias-primas, a mais tradicional premiação brasileira do design de mobiliário tem uma trajetória sólida que reflete as tendências e os comportamentos da sociedade. Dos móveis tubulares característicos dos anos 1990 aos atributos multifuncionais que ganharam força desde 2020, são milhares de peças pensadas para os mais diversos ambientes e necessidades – armários, camas, mesas, cadeiras, poltronas, escrivaninhas, mancebos, espelhos e até soluções para integrar o bem-estar dos PETs.

“Lá no início o que mais se imaginava era promover uma integração maior entre os moveleiros do país e a inovação. Visitávamos feiras e premiações estrangeiras e pensamos ‘por que não fazer algo no Brasil?’ Então apostamos no Salão como propulsor de inovações em produtos. Vários fatores contribuíram para dar certo e 35 anos de tradição confirmam que a ideia inicial tinha potencial”, lembra Paulo Barros – engenheiro mecânico com mais de 30 anos de experiência no setor moveleiro e primeiro diretor do Prêmio Salão Design, em 1988, na época “1º Prêmio Movelsul Design Móveis”.

A presidente do Sindmóveis, Gisele Dalla Costa, reitera que o design se tornou um dos pilares da entidade. “Entendemos que o design é uma ferramenta competitiva para as indústrias, tornando as empresas mais conectadas às necessidades e aos sentimentos dos usuários. Nesse sentido, a premiação funciona como um elo entre os designers e as indústrias, criando oportunidades vantajosas para ambos e, ao mesmo tempo, beneficiando os consumidores com peças que somam qualidade, função e estética”, ressalta.

Para o atual diretor do Prêmio Salão design, José Ferro (gerente de Desenvolvimento de Produtos do Grupo Unicasa), o principal diferencial da premiação é estreitar a relação entre estudantes e profissionais com o universo da indústria moveleira, fomentando técnicas e formas viáveis para serem aplicadas em escala, ou seja, cria uma grande vitrine para soluções inovadoras. “Os resultados das edições são sempre muito aguardados pela própria cadeia moveleira, já que o Prêmio gera oportunidades de parcerias vantajosas tanto às empresas quanto aos premiados”, comenta Ferro, que possui uma relação de longa data com a premiação.

Ele conheceu o Prêmio Salão Design por volta de 1992, enquanto estava no curso de Técnico em Desenho Industrial da Escola Técnica Federal de Pelotas. “Naquela época, a Movelsul já era uma feira referência para quem se interessava por móveis e o Prêmio Salão Design sempre teve um impacto muito forte no sentido de criar oportunidades e visibilidade para os estudantes, aproximando a academia e a indústria. Alguns anos depois tive minha primeira participação como estudante, concorrendo durante a graduação em Design de Produto”, lembra. O segundo contato foi em 2007, quando recebeu menção honrosa profissional pelo Sistema de Armários Evviva, na modalidade Indústria, assinado em parceria com Gustavo Bertolini, Diogo F. Pinheiro e Janir de Bona para a empresa Bertolini.

“Quando houve o convite para ser diretor, em 2020, e repetir a missão em 2022, aceitei de imediato por entender que seria uma grande oportunidade não apenas para conhecer os bastidores e a visão dos jurados como também fazer parte da história de uma premiação tão relevante à carreira de novos talentos e profissionais experientes. Foi uma honra integrar a equipe do Prêmio Salão Design nessas duas últimas edições”, celebra Ferro.

 

DE OLHO NA SUSTENTABILIDADE

Desde 1996, o Prêmio Salão Design incentiva o manejo sustentável das florestas brasileiras coma categoria “Madeiras Alternativas”, em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Todos os projetos inscritos que não sejam produzidos com madeiras consideradas muito utilizadas pelo SFB automaticamente concorrem a esse prêmio especial – que inclui troféu e uma viagem técnica.

“O profissional do design é um importante agente de transformação no mercado da madeira uma vez que são precursores de novas tendências em formas, usos, aplicações e inovações diversas. A aproximação com a indústria é fundamental para que a oferta do produto madeireiro seja cada vez mais sustentável e compatível com padrões modernos e as tendências do mercado do design”, comenta o diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro, Pedro Neto.

DEPOIMENTOS DE QUEM JÁ VIVEU O PRÊMIO

Nesses 35 anos, o Prêmio Salão Design colocou na vitrine desde designers consagrados como Zanini de Zanine, Guto Indio da Costa e Paulo Alves até novos talentos (estudantes e profissionais em diferentes estágios da carreira). A designer de produtos e de interiores Mila Rodrigues, que soma mais de 20 anos dedicados ao setor moveleiro, enfatiza a relevância da premiação para a história do mobiliário. “Os prêmios de design são muito importantes para valorizar a amplitude do design. Seu papel agregador no processo fabril é um dos aspectos mais relevantes, mas não podemos deixar de pensar que esse profissional está traduzindo em produtos a interpretação da vida hoje. Dessa forma o Prêmio Salão Design enfatiza o que tem de mais relevante na leitura de nossa sociedade atual. Daqui a 10, 20, 50 anos, estes estarão contando e falando muito sobre nós”, comenta ela que recebeu menção honrosa em 2011 pelo sofá Cordas desenvolvido para a Schuster Móveis e Design.

Sócio do estúdio Fetiche®, o designer Paulo Biacchi assina coleções para grandes marcas nacionais e já participou de exposições na Inglaterra, Bélgica, Itália, EUA e Holanda. Além de ter recebido menção honrosa em 2009 com a cadeira Urbana e em 2011 com a Coleção Vergalho, integrou o time de jurados nos anos 2016, 2017 e 2022. “É muito interessante participar do Prêmio Salão Design porque é uma das únicas premiações que, além do prêmio em dinheiro, que muitas vezes é importante para quem está começando ou querendo viabilizar um projeto, tem ótima relação com a indústria – o que gera oportunidades para quem participa. Diferente de outros prêmios, você pode pensar no Salão Design como uma vitrine para que seu projeto seja industrializado ou conseguir um parceiro para colocar o projeto no mercado”, explica Biacchi.

Crítica, historiadora de design e curadora independente, Adélia Borges compartilhou seu know-how com o júri em três momentos distintos: 2006, 2020 e 2022. Para ela, participar da premiação é uma oportunidade de dar visibilidade ao trabalho dos designers, especialmente no setor produtivo, e ser avaliado por especialistas isentos. “É sempre uma oportunidade. Claro que você precisa parar um pouquinho no dia a dia para fazer a inscrição, mas vale a pena porque quando você ganha tem reconhecimento, cobertura da mídia e portas que se abrem num mercado competitivo”, comenta.

 

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SOBRE O SINDMÓVEIS

O Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves foi criado em 1977 para representar o polo moveleiro dos municípios de Bento, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza. A entidade atua amarrando as pontas da cadeia de modo que todo o setor possa se desenvolver com consistência e proposição de valor. Um trabalho que não se limita à Serra, pois projetos como a feira Movelsul, o Prêmio Salão Design e o Orchestra Brasil (este em parceria com a ApexBrasil) são de amplitude nacional e internacional.

 


Por:

Augusto Bedin

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